Sentido...

Euna Britto de Oliveira

14/07/1994

Quando se fechou a porta do paraíso,
eu fiquei do lado de fora,
junto com Adão, perto de Eva.
A maior prova disso é esse vento que me leva...

Dentro do paraíso não havia vento, não havia morte,
nem frio, nem fome, nem tempo, nem violência, nem má sorte...
Havia espaço, muito espaço!...
E bromélias, riachos doces, cascatinhas, ninhos de passarinhos,
lobos e cordeiros brincando juntos de “zanga-burrinho “...
Havia flores de todas as cores e perfumes, muito sol!!!...
Frutas que ninguém conhece,
e esse mesmo dia que até hoje amanhece!...
Não havia angústia nem agonia,
mas havia poesia!...
Já do lado de cá, onde não é paraíso,
houve um trem de ferro e desejos legítimos
aos quais os anjos não disseram Amém!...
Dentro do trem, um adolescente atraente de quem eu gostava,
apesar da minha pouca idade,
pois eu só tinha doze anos,
chamou-me um dia de “My sun “...

Eu não sabia inglês, e entendi “My some “...
Tirei no dicionário e não fazia sentido!
Hoje, a frase bem traduzida faz sentido,
mas não se encaixa mais!
Não sou mais a mesma,
a Estrada de Ferro Bahia e Minas acabou-se,
o trem que levava os estudantes da cidadezinha
para o colégio interno sumiu,
aquele moço bonito não faria parte do meu destino,
e o vento esparramou as pessoas...
Avisto-as de longe...
Umas vão bem,
outras, nem tanto!
Outras deixaram o corpo físico e suspeito
que estejam ao paraíso...

Quando Deus nos fez,
deu-nos uma coisa que se chama juízo.
Umas pessoas têm mais, outras têm menos.
Outras, até o perdem...
Não quero perder o trem do próximo paraíso,
não quero perder o juízo!...

Foto: Agradecimento a Vívi, estudante de Málaga.

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.