O Céu é um Hotel de Infinitas Estrelas!... De Graça!

Euna Britto de Oliveira

A solidão cacarejou aos meus ouvidos...
Gargarejei com um gole de chá de hortelã.
Fria, fria, fria – a ousadia de ser.
Mataram-me por dentro
Enquanto meu corpo ainda anda!...
Quem me matou?
Não sei.
Um dia saberei.
Com o mesmo impulso que escrevi “um dia”
Escrevo “um abraço”
E descrevo o rodopio do pião
Sobre o chão de cimento cinza
E cacos de cerâmica colorida!...

“Macacos me mordam!”
O dia em que fui mordida por um macaco,
Eu tinha uns dez anos,
Ia a caminho da Escola...
Havia tropeiros por perto,
Mas não me acudiram.
Também, não dei sinal de alarme!
Fingi que não era nada.
Fiquei com vergonha de chorar...
Ficaram duas marcas em V
No meu antebraço direito.
Perto da casa do Major Lourenço,
Em Carlos Chagas,
Onde ficavam os tropeiros...

Tanto faz a dor como a alegria,
Ambas vão e voltam!...

Os lares foram construídos com amor,
As pirâmides, com escravos.
Tomei pavor das obras faraônicas!
Virou farofa de Faraó
O tempo de vida dos prisioneiros...
Libertação,
Vingança não.
Livramento.

O Céu é um Hotel de infinitas estrelas...
De graça!
Ser santo é empurrar a mente só para o lado do Bem!
E o coração, também!
Ser santo é ser são.
Não da cabeça aos pés!
Da cabeça e do coração.

Belo Horizonte, maio de 1984

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.