Relembranças

Euna Britto de Oliveira

A lenha estala na lareira que construirei,
e as brasas reticentes não entregam nunca
o recado do bosque,
porque a cinza o encobre.

Hoje é dia de alegria?
Não. Hoje é dia de um monte
de emoções congeladas!
Penso nelas e escrevo por cima...

Gaviões e carcarás sobrevoam nossa casa na fazenda
e levam pintinhos do terreiro.
Que triste destino o do pintinho que um gavião consegue levar!...
Impotente para salvá-lo, olho-o e ouço o seu “piu-piu”...
Desaparece nas garras do gavião, que voa em direção à montanha azul...
Meu coração não é só meu,
é meio de transporte urbano, rural, animal, humano.
Em tempestade cerebral,
ele é arca nova de Noé...

Numa fração de segundo, olho o sol!
Num exercício de velocidade, volto à cidade,
feita de esquinas...
Flores freqüentes derramam cor e perfume nos jardins...
Molambos de seda e estopa são restos de festa e fartura...
Onde andará a moça da noite, toda enfeitada de idade jovem,
com roupas de quem ainda pode,
e planos de transa futura?
A forma mais fina de dizer adeus
é com os olhos:
Fixos e úmidos, perdem-se na distância
e voltam ocupados, ensopados de mar...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.