Escrevendo no Escuro...

Euna Britto de Oliveira

É madrugada e eu quero escrever.
No escuro.
Se acender a luz, meu marido acorda.
E reclama.
Ele tem razão.
Precisa dormir, e tem sono leve...
Qualquer coisa, acorda
E não dorme mais.
Insônia...
A luz quase sempre incomoda os que querem dormir.
A mim, não incomoda.
Pra dormir, o que prefiro é uma penumbra...
Mas durmo bem com qualquer intensidade de luz!
E com falta de luz, também.
Sou boa de sono.

A fraca folha de papel
Suporta o mal e o bem,
Mas não comporta o mel,
Derrama-o...
Embolo um beijo num pedaço de papel
E jogo na cesta de lixo.
Era o excesso de baton.

Curiosamente vago, o lugar do príncipe.
Credenciada, transponho a porta do palácio do
“Antes Tarde do que Nunca”.
Quem não gostaria de ganhar uma blusa nova,
Um tucano de barro?
— Eu, que escapei do palácio do
“Quem Vai não Volta”!...
Pra escapar,
É preciso não sentir
Revolta,
Que avilta
E contra nós se volta!...

Belo Horizonte, 1989
Transcrito em 27/06/2006

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.