Contagem regressiva

Euna Britto de Oliveira

Gastei o amor.
E agora?
Pinto os lábios com baton cereja
Para pronunciar o nome de Deus
Com boca mais bonita!
Deus não quer a boca,
Deus quer é o coração
E o meu está nublado...
Se eu lamentar meus males,
Eles se demoram mais,
Permanecem.
Enternece-me a carroceria do caminhão
Onde me acomodo
Para o passeio do colégio interno.
Nas ondas do mar de Nova Viçosa,
Sinto sempre a sensação de ter 19 anos.
Na carroceria do caminhão,
Tenho menos.
Tenho apenas 16.
Se sou humilhada,
Isso não é nada, passa!...
Preciso gastar o orgulho.
Numa saia de baiana feita de pedrinhas semi-preciosas,
Camuflada, a esmeralda.
Espero minhas horas sem espanto,
Horas bonitas,
Sem algarismo algum,
Em que eu não precise contar nada.
Contar não é preciso.
Cantar, sim.

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.