Há um Índio...

Euna Britto de Oliveira

Há um índio que adivinha
E descobriu onde estou.
Fala que fui rainha
Pois gosto do que não sou.
Não que eu existisse outras vezes...
Vieram, por mim, outros brancos;
O sangue só me ficou!

Há um índio que adivinha
E resgatou meu amor
Que estava escondido, perdido
Dentro da terra sem flor.
Não que tivesse aprendido.
Nasceu assim, achador.

Desconfiado, nativo,
Arisco como um sagui,
Puro, qual bicho do mato,
A natureza é sua casa.
Um índio que sabe das luas
Das ervas, dos milharais...
Um homem de pés no chão
Com flechas pra os animais.

É o mesmo que me discorre
As coisas que já passaram
As coisas que vão passar
O passo manso da onça,
O dia em que não estará...

Esse índio que me ensina e consola,
Algumas vezes,
Transforma-se!
Vira outro homem.
E me desola...

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Belo Horizonte, agosto de 1981

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.