Paisagem

Euna Britto de Oliveira

Paisagem passageira da minha viagem...
Fotografei a noite com o olho do lampião e a câmera da memória,
Redesenhei meu próprio corpo na superfície do chão.
Tem jeito de carro em curva de estrada de terra
esse teu modo vagaroso de me dobrar...
Bem calculado, mas deixa um rastro de poeira
que te entrega no ar...

Existem duas estrelas no céu que só andam juntas,
nunca se distanciam,
mas também nunca se encostam.
Medindo de onde estou,
dá um metro a distância dos anos-luz que as separam
e eu cubro com minha mão...

Procuro aqui embaixo um vaga-lume e não acho.
Sapos coaxam em seus esconderijos, a pouca distância de mim.
Vi Dona Santa com sua filharada na beira da estrada,
é Domingo de Páscoa e eu não me lembrei de trazer ovos de chocolate para Dona Santa, que mora no mato...
Ela é para aquelas crianças o que outra mulher foi para mim.
Lembro-me do que me falava,
quando a menina que eu fui se demorava na rua,
em casa das colegas:
— “O galo, onde canta, janta!”
Eu ficava envergonhada,
a meio caminho de mim.
Em seguida,
refletia em suas palavras e entrava, determinada!
Aquele discurso não valia para mim.
Afinal, eu era sua filha!

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.