A Solidão

Euna Britto de Oliveira

Todo mundo que não é ele apareceu!
Menos ele...

Tocou a campainha,
Não era ele.
Era o filho de seu Chiquinho
Querendo presente de aniversário...
Tocou o telefone, não era ele.
Uma chamada de número não identificado
De algum anônimo – a linha caiu.

Meu coração tocou flauta, tocou violino
Com as cordas doendo...
E ele não ouviu.
Os mensageiros do vento levaram minhas mensagens
E ele não respondeu.
Deve ser assim mesmo – alguns períodos
Da vida da gente são de Solidão.
Passados os anos
Ou os meses
Ou os dias de alguma amorosa companhia,
A Solidão, que estava de plantão,
Mostra seu direito de cidadania
E exige moradia!
Precisa morar em algum lugar
E não vai morar no ar!...
Ela quer morar em corações.
Chegou a vez de, outra vez, o meu...
Fazer o quê?
Aceitar...
A Aceitação acelera a passagem da prova...
Inclino-me.
Semelhante à noite, tudo passa...
O sol volta outra vez!
Não adianta falar – Xô!...– para a Solidão.
Então, junto-me a ela.
Improvisamos um show!...
Desta vez, coloco roupa vermelha na Solidão,
Lavo-lhe os pés.
Com o jato d´água da mangueira do jardim,
Hidromassageio-os
Para tirar-lhes a poeira e a canseira...
Pinto-lhe os olhos,
Realço seus belos traços
Sombreados por olheiras...
Spray de perfume francês na Solidão.
A pobrezinha precisava era disto – de Aceitação!
Quer me largar mais não!
Faço o que
Com a Solidão?...
Se juntar a minha com a sua,
Forma-se uma multidão!...

Ai, gente!
Minha alma está sentindo dor de dente!
Dentro do peito está frio.
Ponho-lhe compressa quente.
Para tudo, há um jeito!
Desfolho-me em mil cantares
Aqui
Neste canto de mundo!...
Há uma profecia de Aleluias!...

Não é de hoje que Deus cuida de mim
E vai cuidar eternamente!...
Ele é terno...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.