Parusia

Euna Britto de Oliveira

Em nacional aconchego,
Derramo no rio a raiva,
A ruindade, a suspirada saudade,
A descartabilidade...
E tudo segue nas águas do rio
Como espuma branca de poluição industrial,
Aquela que parece neve
À deriva, aos montes!...
Degredada, degradada...

Depois do chão, ainda encontro degraus
Que vão ao porão.
Lá, estão feitos prisioneiros
Personagens de histórias para crianças
Mais a bruxa mais feia de todas,
Um cavalo pampa, um cavalo baio,
Uma vaquinha cor de mel e branco,
Três heróis, quatro heroínas,
Formigas, lagartas, vagalumes tristes,
Sobreviventes dos campos de Treblinka,
Mas nenhum deles brinca;
Um armador de andaimes,
Um contador de histórias,
Cristãos posteriores a Pompéia,
Filhos de Deus como todos, dois homossexuais morenos,
Venenos, venenos...
Um Anjo pardo enviado por
Miguel, Comandante das milícias celestes,
Faz sã companhia.
O Senhor desceu ao inferno ao terceiro dia.

— Olá, Tristeza!
Depois do “Bonjour, Tristesse” de Françoise Sagan,
Você me ouve?
Por que me entristece?
Bom Dia!

Benzo-me e me encosto junto à pilastra mais fria.
Na primeira oportunidade,
Agarro-me à saia do Anjo
E subo, mais que arredia.
Arrepiada, estremeço.
Logo será Parusia!...

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Parúsia: o retorno glorioso de Jesus Cristo e a ascensão da humanidade.

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.