Viseira

Euna Britto de Oliveira

O mar tem seu lugar!
Beleza pura, água para toda criatura,
visível da mais elevada altura!!!...
No entanto, uma simples mão espalmada diante dos olhos
pode me esconder o verde e imenso mar...

Mar maravilha, mar menino dos meus olhos,
não me deixes no seco, senão eu seco!

Hidrata-me, molha-me,
curte-me com teu sol, com teu sal,
malha-me com tuas ondas redondas,
inclui minha saída de praia em teu varal!...
Ela é amarela, mas não é só por isto que eu gosto dela,
é por causa de quem me deu.
Revezo-a com a outra bege, de renda do norte,
que tem buraquinhos para a brisa me espiar...
Mar vivo, mar morno,
meu amigo natural, nada espiritual!
Que ninguém censura nem ciúma,
porque somos de reinos diferentes, animal e mineral...
Mar que não é mineiro e é!
Meu mar nacional, internacional...

Pacifica-me, meu Atlântico, com as mesmas águas do Índico...
Não sou índia, mas tenho também minhas penas,
minhas pernas morenas,
minhas roupas pequenas,
meu colar de sementes,
minhas armas contundentes,
minhas setas,
minha fala tupi-guarani,
minha taba, que fica logo ali...

Dizem que o Pacífico é pacífico só de nome,
só da boca pra fora, só das águas pra fora...
Na realidade, ele é bravo e violento!
Por favor, não me venhas com artimanhas do Pacífico,
que assim eu não agüento!
Não sou de guerra,
sou de paz, rapaz!
Gosto das ondas boas,
que brincam comigo sem machucar,
sem me afogar ou sufocar,
onde eu possa flutuar, nadar, navegar, respirar...
De mar de águas brutas, não gosto!

Um abraço bronzeado, enfeitado de conchas,
sem embaraços,
sem algas,
sem algo mais a dizer,
porque já disse tudo que eu queria, mar da minha alegria!...
De Nova Viçosa, Bahia.

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.