Bom dia, Dia!

Euna Britto de Oliveira

Bom dia, Dia!
Cadê minha alegria?
Frituras pra o rei da Espanha,
Feiúras na Samaria...

Gosto de minha avó de chuva
No teto desse quarto,
Mancha d´água resguardada
Na crosta da madrugada
Que ataviou a terra com pétalas de neve
E silêncios de claustro
Rendados de nuvem
E folhas colocadas sobre
Os crânios dos coqueiros!...

Violências mascadas
Em horas marcadas,
Demarcado é o pensamento de muitos.
Estou velha pelo lado direito, de fato,
E nova pelo avesso, de direito!
Sou noiva de um menino travesso.
Não vou dizer que sou sonsa, nem lerda, nem insossa.
Quando tudo isso vem junto,
É síndrome, e é pra sarar.
Eu me atrevo
E entro no prado dos pássaros
Onde me nutro de abstratos alimentos...

Preocupar-se é viver sem os lírios do campo
E sem as aves do céu.
Despreocupar-se é colocar tudo nas mãos de Deus
E, se possivel, alguns versos no papel...
Olhai a pedra de Arimatéia,
Olhai, enquanto eu a destapo.
Não vos pergunto o que vedes.
Ela não existe.

Ninguém pode estar triste
Onde não existe alpiste,
Mas léguas, quilômetros,
Nada...
E tudo!

Fiquei parada, de pedra.
Fiquei perdida, de pé!
O santo encontro foi na estrada de Damasco.
Pudera eu ter um igual!...

Destrancada por todos os lados,
Eu e Deus, em campo aberto...
E agora?

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Escrito em Belo Horizonte, em 1981.

Envie este Poema

De: Nome: E-mail:
Para: Nome: E-mail:
Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.