Velho Chico

Euna Britto de Oliveira

Eu compreendo você, Velho Chico.
Você nunca pensou em inundar Januária,
Juazeiro e não sei quantas outras cidades
Que eram como os seus jardins
E você, o jardineiro que as aguava...
Você nutria, com seus peixes,
As populações ribeirinhas...
Você sabe que ser fundo,
Para um rio, é "status".
Ser largo também,
Mas só se for fundo primeiro,
Como o rio Amazonas.
Rio de sorte, o Amazonas, não é?
Sem represas, “mar doce”
Fundo e largo, tranqüilo...
Você não é tão calmo
E com isto há de convir.
De vez em quando, salta mais que cavalo bravo!...
Fizeram com você o que costumam fazer
Com as pessoas – colocaram barreiras.
As pessoas ficam reprimidas,
Você ficou represado.
E o resultado veio, como sempre vem
Quando a natureza é violentada.
Você tem barragens.
Quando chove muito,
Você extravasa...
Alaga tudo, destrói e mata!
Ah, que pena eu tenho de você, Velho Chico!
Você já foi um rio feliz.
Não fazem questão de que você dê peixe ou não dê,
Que seja navegável ou deixe de ser!...
Querem que você dê força e luz para vários Estados.
E você dá.
A pulso, mas dá!
Se fosse pra voltar ao seu estado original,
Você aceitaria?
Você se conformaria com o desuso
De seus mecanismos de ajustamento?
Os homens são loucos.
Não sei os rios...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.