A maçã repartida...

Euna Britto de Oliveira

Naquela rua, havia uma casa fria,
Cheia de agonia!...
Ora silêncios, ora incômodos gritos...
O sol temperava a sombra
Com brandura de luzes esparsas,
Rodelas de claridade...
Quem pode saber o futuro?

À beira de um regato,
Há sempre relva que possa servir de assento.
Sento-me, com os pés na água,
E pesco algumas idéias
Ao sabor desse vento...

Eu vi quando Nenza ganhou a maçã
E a repartiu em fatias,
Uma pra cada um da casa,
E eles eram seis!...
Nenza é pobre de bens materiais
Mas sua afetividade é tão rica!
Eu vi o esquecimento de muitos
E a consciência de poucos.
Eu vi homens fingindo que não tinham
A fim de ter mais!...
E vi outros fazendo de conta que tinham
Para aparecer mais!
A justiça está na medida exata da verdade.
Eu vi o engano e o enganoso
Eu vi o pano de fundo do tempo
E a trempe onde se aferventam as almas marrons
Que Rembrandt não pintou...
Há muitas almas encardidas
E Deus não desiste de purificá-las!...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.