Mapas

Euna Britto de Oliveira

Mapas nunca me fizeram sonhar.
Só o azul e as ilhas do mar...
Antes, fizeram-me lamentar:
Há tantas cidades no mundo,
Tantas comidas saborosas!...
Línguas várias para as mesmas idéias
De vida, amor e morte...
Mas tenho órbita,
Não posso me desgarrar,
Flanar entre chineses, afegãos...
Papear com os esquimós,
Gastar Francês em Lion...
Tenho órbita,
Não posso andar com angolanos
Pela ex-fazenda de Rosa,
Perseguida política
Que emigrou para o Brasil...
Nem me esbarrar em John(s)and Mary(s,
Na Inglaterra ou nos States...
Nem me despedir de umas pessoas com as expressões:
“Dosfidânia”
“Dofizênia”...

Tenho órbita,
Sei meu Hino Nacional de cor; o da França, também!
E o meu mar é portátil,
Só sal...
Estou aqui onde Deus me colocou,
Como colocou a cada um em seu lugar,
Em qualquer ilha
Em qualquer barco
Em qualquer mar
Na cidade antiga
Na cidade amiga...

Não sou holandesa,
Nem síria,
Nem javanesa...
Sou do Terceiro Mundo, sim,
Mas da parte mais promissora!
Funcionária pública, sim,
E até já fui professora.

Hoje, estou tratada de minha tristeza.
Eu brincava de poder
E de não perder...

Sim, Graças a Deus,
Tenho órbita!

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Nota:

Dosfidânia - Adeus, em Russo
Dofizênia - Adeus, em Polonês.

(Escritos conforme eu ouvi...)

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.