Vitral virtual

Euna Britto de Oliveira

Comedida,
Com medidas,
Meço o tamanho da frase
E retiro a crase descabida.
Corrigir frases é fácil.
Difícil é corrigir-se,
Coibir-se,
E, mais do que em concursos públicos e vestibulares,
Sair-se bem nas provas da vida...

Com qualquer caco de sentimento, faz-se um verso.
O poema pode parecer um vitral virtual.
Os carros que hoje fascinam pessoas,
No futuro serão sucata.
Certos tesouros são tecnologia de ponta
Sobre lata...

Uma rua de Ouro Preto,
Outra, de Diamantina...
Seriam ruas ou becos?
Não sei.
Lembro que havia flores
Junto aos alicerces de pedra de seus muros...

Obrigadas a obedecer, as forças armadas,
Quanto mais as desarmadas!...
Anjos suecos de lata rodam em torno de velas de Natal
Cada vez que as velas são acesas!...
Longe do hospital, esvai-se em sangue a primípara...
Do outro lado do mundo,
Um desassistido, é em água de sal que lava suas feridas...

Sobra uma cadeira na sala,
Uma cadeira grande,
Bem torneada,
Esculpida em madeira de lei,
Parecida com trono.
Sobre a cadeira,
Uma ex-admiração e um cansaço.

A idade pesa,
A responsabilidade pesa,
As estrelas aliviam...
Não sei o que pedir a Deus,
Posso pedir errado,
Pedir o que não me convém,
E deixar de pedir o que é certinho pra mim
E Ele tem!
Rogo ao Espírito Santo
Que interceda junto ao Pai por mim.

A caminhada é longa mas é breve.
Feita com foice, a estrada da humanidade.
Como se as vidas fossem ervas,
Vão sendo ceifadas...
A minha esperança mais verde
Foi-se...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.