Porta de Ouro

Euna Britto de Oliveira

Podia estar aqui o meu caderninho assanhado, oferecido
E indisponível para terceiros...
Falta-me papel.
Escrevo porque aproveito a capa de um talão de cheques em extinção, marron-dourado...
Duras penas para quem tem pena de quem não tem penas...
Não poder voar não é atraso de vida, é herança.
O lava-jato é o salão de beleza do carro.
Lava, lustra, perfuma-o!
Parece que vai chover!
Nuvens paradas, cinzentas, tornam o ar pesado.
O céu vai chorar sem trovões e sem relâmpagos,
Suas águas de março...
Sou muito sensível ao tempo, também fico pesada.
A falta de alternativa elimina qualquer dúvida na hora da escolha.
Não havendo o que escolher, é isso mesmo!
Pesados demais, grilhões invisíveis prendem muitas pessoas a seus pares...
Outras se prendem por elos de amorosa luz!...
Podia ser de ouro a porta da minha casa.
Não sei porquê, mas podia...
Já ouvi falar em cidade com ruas de ouro e pedras preciosas...
Eu só queria a porta!
Das guerras que acontecem no mundo agora, estou fora.
Depois de errar e sofrer até não poder mais,
A alma emerge do fundo do poço!
Espera-se que emerja!
Minha paz é pouca.
Espremo umas gotas sobre os que amo,
Sereno...
Mundo severo.
Tento doar serenidade...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.