Fases

Euna Britto de Oliveira

Tomava café da manhã, almoçava e jantava piano,
E agora, piano não me apetece mais.
Do mesmo modo,
Quando costurava minhas roupas e as das meninas,
Era um grande prazer, da escolha e corte do tecido à peça pronta!
Passou.
Um por um, vão-se esgotando os interesses,
E só fica a lembrança,
Resquícios daquilo que foi gastança de energia,
A perseguição de um sonho que, enfim, agarrado,
Não é mais sonho,
É arte passada,
É parte de um dom já sondado e somado.

Borrifo a samambaia gigante com sereno artificial
E chamo-a de queridona!... Sou sua dona.
Sinto, com ela, o frescor, o amor da água bem empregada!...
Qual de nós não precisa ser regada?...

Com unhas curtas, arranho as raias do sagrado.
Cato faíscas de luz!...
Apuro o ouvido.
Há cristais em cada ouvido!
Ouço sinais de vida!...

Posso escrever sem querer,
Posso querer sem escrever,
Amanso palavras bravas,
Acordo palavras adormecidas,
Arrumo palavras desordenadas,
Mas não ressuscito nada.
Isto, quem faz é Deus.
Pratico poderes.
Quem pode, pode.
Quem não pode se sacode.
Só posso aquilo que Ele me deixa poder!
Tenho certeza de que Ele não é meu primo, nem meu tio...
Ele é meu Pai!
É desse jeito que minha vida vai!....

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Belo Horizonte, 27 de setembro de 2013

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.