Ouro de aluvião

Euna Britto de Oliveira

São tantas coisas que eu tenho,
São tantas coisas meu lenho!...
Coisas descartáveis, sem nenhuma importância,
Que estão ocupando lugar...
Coisas que só têm valor pra mim,
Coisas que conservo, mesmo sabendo da minha finitude,
E gostariam ou gostarão de herdar de mim,
E para isto mesmo guardei...

No momento, duas coisas peço a Deus:
Que segure a chuva na hora do avião,
E segure a poesia, quando eu não tiver com o que anotar na mão.
Poesia é volátil, não espera...
É pegar ou deixar...
Largar pra lá!...

Tantas coisas eu tive,
Tantas coisas não tive...
Viver é ter e não ter,
E mesmo assim sobreviver!...

Bateia, ouro de aluvião...
O que poderei levar, junto com a paz no coração?
Para preparar a bagagem da viagem,
Eu só tenho hoje!

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.