Ao Mestre com Amor

Euna Britto de Oliveira

Oh Tu que estabeleces as fronteiras
Entre os oceanos e suas beiras
Vem alargar os limites
Entre mim e minhas barreiras
Sei que sou de barro
E quebro
Enquanto estou viva
Requebro
Nenhuma ponte me leva
Ao local do teu Santuário
O Santo Sudário me enleva
O teu Santo Nome me eleva
Três anos viveste em Cafarnaum
A casa de Pedro está lá
Pra quem quiser visitar
Sem Ti
Ninguém vai a lugar nenhum
Devia ser bom atravessar o deserto
Contigo ao lado
Ou por perto
Desejei comer um peixe Contigo
Às margens do mar da Galileia
A Tua fome é de Amor
A Tua sede é de Almas
Toca essa alma que é a minha
Com o Teu olhar caçador
Tu me sabes tão bem
Dá que eu te encontre também
E coloca-me na escola de Madalena
Já tenho até o perfume que posso levar
Ao me matricular
Não chega a ser nardo caríssimo
Em vaso raro de alabastro
É perfume francês mesmo
Em frasco de vidro comum
Com dispositivo de spray
Tanta miséria faz pena
Junto a Ti
Eu sei
Ninguém condena ninguém
Todos já feriram a Lei
Queimaram viva Sohane Benziane
Não permitas que eu me queime
No fogo que nunca se apaga
Sou Tua
Eternamente
Te amo

Belo Horizonte, 02/02/2015
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

REFERÊNCIA A SOHANE
Sohane Benziane foi uma francesa muçulmana assassinada aos 17 anos de idade. Em 4 de outubro de 2002, numa cidade satélite de Paris predominantemente muçulmana, Sohane, filha de imigrantes, foi queimada viva na frente de seus amigos pelo líder de uma gangue local, cujo apelido é Nono. Ele simplesmente jogou gasolina em Sohane e acendeu o fogo com um isqueiro. Sua morte causou comoção na França e na imprensa internacional e levou à criação do movimento pelos direitos feministas "Ni Putes Ni Soumises" (Nem Putas Nem Submissas). Em abril do ano passado, Jamal Derrar, o Nono, foi condenado à 25 anos de prisão.

Envie este Poema

De: Nome: E-mail:
Para: Nome: E-mail:
Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.