Na Minha Conta!

Euna Britto de Oliveira

Léguas e léguas de paisagens
Que avistei através de janelas
De trem, de carro, de ônibus, de avião…
Milhares de dias vividos
Milhas e milhas
Navego dentro de mim
Tenho um lado raso
Outro fundo
Outro profundo, abissal
Sou rio de água doce
E mar de água de sal
Contenho ostras e pérolas
Cristo vivo, alguns cristais
E coisas descartadas que teimam em permanecer
No fundo do oceano há navios afundados
E coisas que não sei o que são
Nem de quem eram…
Parece que no meu inconsciente e subconsciente é assim:
Porões com portas e portões
Jardins sufocados
Matas e leões, quedas e lesões
Há muita coisa bonita
Trancafiada no esquecimento
Aguardando o meu reconhecimento!...
À mesa, não gosto de estar só
Sobram cadeiras e espaço em meu coração
Quando armei meu dominó
Quem empurrou a primeira peça?
Há coisas que não sei e nunca saberei
Há dores que já senti e não mais sentirei
As dores de parto, por exemplo
Há perdas que já sofri e não remediarei
Os que não podem mais estar perto, por exemplo
Há o que não ganhei
E o que ainda receberei
O mais corajoso não é o que foge da vida
Nem o que não tem medo de assombração
O mais corajoso é o que finca o pé
E fica na vida!...
Mesmo assustado com as caretas que este mundo faz
E ainda é capaz de fazer
Mesmo com a força diminuída!...
Afinal de contas, todos que estamos vivos
Somos e estamos assistidos!...

Euna Britto de Oliveira
BH 13 /11/2019

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.