Janela Aberta

Euna Britto de Oliveira

Eu essa janela aberta
Sujeita a sincericídios
Vou escrevendo o que me pede para ser escrito
A inspiração sonda a gente
Sou dócil à sua voz e ela sabe
Faz de mim sua escriba, sua secretária
E dita mais do que consigo anotar
Outras vezes nem dita
Deixa por minha conta
E eu tenho de improvisar
Ai de mim que depois de me criar
Tenho de me recriar

Mesmo nas horas de recreio
Deus não baixa a guarda

A morte é a coleção mais completa de nunca mais!
Nunca mais comer
Nunca mais respirar
Nunca mais andar
Nunca mais namorar
Nunca mais comprar
Nunca mais pagar
Nunca mais nada de tudo
Nunca mais tudo de nada
Nunca mais viajar eu não sei
Mas sempre, sempre amar!...

Euna Britto de Oliveira
BH, 27 /07/2019

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.