O canto do bem-te-vi

Euna Britto de Oliveira

Atenta ao canto sem curva do bem-te-vi
Alegro o meu coração com essa canção tão velha e tão nova que me renova
Para o próximo noivado com o mesmo esposo
Ou para o próximo esposo sem noivado
Nunca assististes a um casamento de almas
Assim com cântico de entrada de bem-te-vis?...
A veste nupcial é a névoa da manhã
Para a maior glòria de Deus
Consigo enfiar a linha branca no furo da agulha finíssima!
Com ela emendo saudades e remendo bondades
Quero contar pontos com Deus
Faço ponto cruzado na bainha da roupa de seda
Que difícil é enfiar uma agulha
Com a vista curta!
Como pode uma formiga querer ser Deus?
Foi parecido com isto que aconteceu quando se fundou o inferno
Como uma fratura exposta é a dor de quem não se gosta
Todos querem ser amados
Nem todos conseguem se amar
Escuto o chiado de fritura de ovos No asfalto do deserto
O sossego dos cães da casa é indicativo de paz nos arredores
Não tenho acesso ao que faz doer meu coração
Com essa dor matinal que já acordei com ela
Enfrentar a verdade e digladiar com ela
Para abrir caminho na realidade
Eis uma boa ação
Mais fácil é perdoar aos outros do que a si mesmo
Esperam-me na fila
E a mais necessitada do meu sou eu
A quantos já perdoei?...

Euna Britto de Oliveira
Belo Horizonte, 30/09/2015

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.