Labareda

Euna Britto de Oliveira

Quero me assentar à beira do fogão
e esperar ferver o leite,
cozinhar o arroz,
a carne,
o feijão...
Olhar o fogo me distrai
e me conforta.
Ao menos esse consolo
foi dado à Gata Borralheira!...
Olhar a dança do fogo...
Que diversão mais medieval!...

Onde sobrevive a avenca
e subsistem a porcelana
e as coisas delicadas,
ainda não tenho certeza
de que o amor seja grande!
Quero ver é o olhar da criança,
se tem brilho!
Se sua voz é doce...
Se sabe brincar!
Indícios...

Homens libertados me olhavam,
do fundo de sua velhice,
com olhos de criança...
Outros, por vezes jovens,
mas acorrentados,
o inferno todo me espiava
através dos olhos deles.

Deus não se dá nem ao trabalho de punir,
porque já fez a lei.
As vibrações dos prejudicados é que derrubam o rei!...

Belo Horizonte, 06/03/1983.

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.