Inquietude

Euna Britto de Oliveira

O pio da coruja à noite,
no escuro,
parece mau agouro,
dá arrepio!...
Por que esses olhos tão negros,
por que tanto anonimato,
por que tanta esperteza?...

A carinha da preguiça é carinhosa e pede colo,
colo das árvores,
e a embaúba lhe oferece folhas tenras...
Por que essas unhas tão grandes,
por que esses braços tão longos,
por que tanta vagareza?...

Eu queria uma coruja, ou uma preguiça,
ou um macaco.
Mas não queria um leão,
nem um elefante,
nem mesmo um camelo.
Um pingüim, também não.

Tenho um beija-flor,
umas rolas e uns bem-te-vis soltos...
Tá bom!
Por que aprisionar a liberdade?

Escorrega numa casca de banana
a minha iniciativa,
a tentativa de prender a liberdade
de o outro ser ou não ser,
a tentação de manipulação...
A liberdade voa...
E o outro é
ou não é!

Belo Horizonte, 29/07/01.
Domingo.
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Ilustração: Artesanato de Bichinho - MG - BRASIL

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.