Vendem-se e Compram-se Bruxas

Euna Britto de Oliveira

As bruxas estão na moda.
Os artesãos fabricam bruxinhas com o maior carinho!...
Será que perderam o caminho?...

Uma das minúsculas bruxas que vejo agora
na banca do camelô,
e compro e dou de presente,
está sentada em um tronco de madeira.
Em seu mini-caldeirão negro,
fervem grãos
e mais algumas coisas...
Podem até ser grãos-de-bico,
sementes de papoula,
linhaça e gergelim,
folhas de louro e alfavaca,
pedacinhos de coral,
presas de cobra venenosa,
pêlo de javali,
pata de coelho,
dentes de cravo, canela em pó,
penas de pombo-correio,
pingos de vela de espermacete,
asas de morcego,
dentes de capivara,
unhas de gato,
ferrões de marimbondos,
pedrinhas cor de cinza,
cinza de carta queimada,
óleo de bacalhau, muita coisa rara
e sei lá mais o quê!...

Ninguém toca na vida da bruxa,
ninguém enfia a colher de pau
no caldeirão da bruxa!
Como respeitam as bruxas!...
Fosse ela boa,
pra ver!!!...

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Belo Horizonte, 24/08/00.

Transcrito hoje, 24/08/05.
Curiosamente escrito há exatamente cinco anos...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.