Pedido a Meu Anjo de Guarda

Euna Britto de Oliveira

Por cima do muro,
andei espiando o lado de fora da rua.
Do lado de fora,
há prédios ensolarados,
risos descuidados,
crianças em bicicletas,
pares de namorados,
meninos que vendem jornais,
estudantes indo e voltando das aulas,
alunos de auto-escolas,
carros coloridos,
mulheres e seus maridos...
Mas também há choro e ranger de dentes!...
Raramente um policial!...

Meu Anjo de Guarda,
protege-me!
Tranca-me em teus braços maduros e fortes,
treinados para salvar!...
E livra-me das uvas verdes
que a raposa descartou
e ainda estão a tentar!

São belas e, na verdade, maduras.
Devem ser dulcíssimas!...
Mas podem conter tantos "ais"!...
Adonai!

Costumo passar por cima das dificuldades:
Elimino bloqueios,
relevo ofensas,
reduzo critérios para evitar preconceitos,
não faço mistérios,
faço vista grossa,
ouvidos de mercador...
Viro querosene,
pra passar
em espaço
apertado!
Transponho porta estreita,
que dá acesso a bagagens...
Viro galinha dos ovos de ouro, para suprir necessidades...
Dou pulos de canguru,
de gafanhoto,
quando avisto uma esperança!
Viajo sem sair do lugar.
Invento multidão, para sanar solidão.
Descubro atalhos, para encurtar caminhos.
Empreendo fugas...
Pacifico rugas...
Viro mulher de aço e me desfio em bombril,
de mil e uma utilidades,
na cama,
na mesa,
no banho,
pelo grupo que acompanho!...
Adivinho desejos...
Pensamentos, não!
Faço reza forte para mudar a sorte...

Faço tudo para tornar a vida mais viável!...
E o resultado é sofrível!

Dobro-me.
Desdobro-me.
Recobro-me...
E a impotência,
transmitida como vírus de limitações,
desde Adão e Eva,
é o resultado visível!
Não consigo nem fazer chover!...
Tereza, sim!
Consegue fazer cair chuva de rosas
em vários lugares do mundo!!!...
O meu máximo é uma verde e fraca chuva de folhas
dentro do meu próprio jardim.
Ai de mim!...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.