Colina

Euna Britto de Oliveira

Belo Horizonte, 15 de julho de 2002.
Esse foi o primeiro aniversário que você não fez.
Lápides de granito semeadas sobre extenso gramado,
e nomes, e datas, e sobrenomes...
Um ou outro conhecido.
Ausências!...
Flor nenhuma é permitida além de coroas e
vasos de flores...
Predominantemente amarelos,
crisântemos passageiros...

Nada se pode plantar.
Só grama!!!...
Acho isso uma violência!
Estranhas determinações.

Sei o que é amar ninguém,
ter o que foi companheiro no Além!...
Ressuscita em mim, Senhor, o grande poder do amor!
Felicitarei o sol e as estrelas,
o ar, a chuva,
as teias que as aranhas tecem debaixo do céu, na terra,
para intrigar olhares com sua trama perfeita
e filtrar desilusões...
Teias que costumo observar do alpendre da varanda,
entre as árvores do sítio...

Sobre meus joelhos, cobertor verde esmeralda,
apoio-me.
Tinta e papel.
Escrevo...
Jésus, o caseiro, hoje tirou mel.
A moça recém-casada comprou um cão de guarda,
ainda filhote, da raça boxer.
Não quis labrador nem dálmata, boxer é mais bravo!

E eu... não sei se brava ou mansamente,
dependurei nas paredes do tempo
o retrato malvado da vida sem você...
Faz frio.
Mesmo se fizesse calor,
eu sentiria frio.

Vem de dentro para fora a informação sobre
os graus e degraus da felicidade,
a convicção de Eternidade...
E o vazio...

Cemitério Parque da Colina - Belo Horizonte.

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.