Dispersos

Euna Britto de Oliveira

19/01/2002

Esporinhas de prata para o cavalo branco,
de crina longa e cauda recortada,
afoito por natureza,
que transporta a rosa dos ventos,
fadada a se tornar a rosa dos tormentos...

Roda d’água da represa,
girando e produzindo energia hidráulica,
derramando alegria sobre a face do dono da terra,
que sem ela seria árida,
sobre a face da terra,
que sem ele seria seca...

Percebo a raridade da cena
e fotografo o momento dos pombos venezianos
comendo das mãos dos turistas
em um de meus dias de Europa...

Onde houver uma rede e árvores,
aí pode ser meu lugar de ler, de escrever,
de rezar, de descansar...

Cabisbaixos, os tatus procuram não sei o quê...
Proprietários de buracos, têm onde se esconder!...
Felizmente cavo e lavro apenas palavras.
Distribuo meus bens não entre os pobres,
mas entre os candidatos a pobres...
Haverá dom maior que o de viver e aprender,
o de aprender e arquivar,
o de esquecer e lembrar?...
Vazio do ser...
Ô riqueza!
Espaço para se encher de novos dons!...

Atenas dos filósofos, dos oradores, das Helenas...
Todas as mulheres já foram pequenas...
A que vejo agora tem apenas um ano de idade,
olhos azuis, cabelos negros
e se chama Luísa...

Belo Horizonte

Envie este Poema

De: Nome: E-mail:
Para: Nome: E-mail:
Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.