Jornal calado

Euna Britto de Oliveira

01/01/1983

Chove em cima do ano novo!...
Grampos e pirilampos, vaga-lumes premiados...
Para os melhores do ano,
uma massagem no coração, o que faz continuar...
Por falta de estímulo, fui me afastando de mim...
Não havia música,
não havia cores, não havia aromas
e os movimentos eram lentos,
e as comidas vencidas,
os passeios desprogramados,
as flores todas tombadas...
Ou talvez houvesse tudo, menos o amor.
Ou talvez eu precisasse de mais
pra me livrar do desamor...

Um menino pediu-me para brincar,
mas eu só queria chorar a seco,
como um riacho seco
de imprecisa geografia.

Vejo se me atalho.
Vago entre a terra e a estrela.
Danço uma roda desandada.
Fui me pegar lá na ribanceira, na pedreira,
transparente,
desdobrada,
meu vestido cor de nada...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.